Chá

EU TE OFEREÇO UMA XÍCARA DE CHÁ...


Tenho intervalos diários na farmácia entre um cliente e outro, momentos que aproveito pra ler, estudar,brincar no Orkut, escrever neste diário...Sempre gostei muito de escrever e depois que comecei a ler o Blog de um primo meu muito querido senti muita vontade de fazer este ...
O assunto de hoje desde cedo foi o aniversário do meu Chamber, nossas famílias ligaram para cumprimentar , e bem cedo meu pai estava fazendo piada de gaúcho com ele ao telefone , e ele nem é gaúcho... Ouvi ele sorrindo, retrucando, dizendo que esse Zé é uma graça...
Vou levá-lo pra jantar em Ponta Grossa hoje e então comprar o presente escolhido.
Mas, teve também outro assunto que volta e meia está em pauta entre nós dois, a bondade Divina. Sempre estamos falando nisso porque realmente conseguimos perceber claramente como as oportunidades de progresso, de cura , mudança, de reforma mesmo, se apresentam a nós e nossos amigos diariamente.
Tenho uma cliente que não tem muito com quem falar, desabafar, e como ela viaja muito sempre que chega de viajem vem me contar: _Você não imagina quem sentou ao meu lado no ônibus, primeiro uma grande amiga de infância que lhe emprestou o ouvido e um lenço... depois uma psicóloga, velha conhecida que por coincidência viajava pra mesma cidade e pode além de escutar seus lamentos aconselhar com ciência e ajudá-la por demais...

Tenho um amigo que é muito bom em quiropatia e eu o admiro muito, por várias vezes combinamos de passarmos algumas horas juntos pra que eu aprendesse mais com ele ,e pudesse tirar dúvidas, mas eu nunca podia, marcavamos e eu simplesmente não conseguia ir até ele na cidade vizinha. Pois que de um dia para o outro ele entrou na nossa farmácia alegre e depois de nos abraçar contou que viria atender aqui em Inácio todas as sextas- feiras e que teria muito prazer se eu o acompanhace... E eu estou fazendo isso. Ele já tratou com sucesso de várias doenças e de algumas pessoas com epilepsia, e eu tenho por "coincidência "uma irmã que sofre exatamente com essas crises , e a anos esperamos que surja uma novidade para nos ajudar...

Disseram me uma vez que quando o discípulo esta pronto o mestre vem.

Depois que saí da casa dos meus pais pra morar sozinha encontrei, sempre pessoas dispostas a me orientar e a não me deixar sair do caminho, tive o privilégio de conhecer a doutrina espírita aos 15 anos e aos 18 fazer dela meu farol. Durante a faculdade duas professoras me convidaram pra participar do grupo de estudos que elas promoviam na casa delas, eram professoras bem mais velhas das duas piores disciplinas do curso de farmácia e eu me senti muito honrada.Fui fiel e pronta e aprendi muito com elas. Depois, sempre alguém ou algum livro estava trazendo orientação e consolo. Amigos novos, velhos amigos , novidades e lembranças, relembrar e reaprender são constantes, e por mais que pareça simples, é aí que está a grandiosidade... A oportunidade que de uma hora para outra se apresenta em nossa vida, nos fazendo refletir, questinar velhos hábitos, enfim , o que quero dizer é que ninguém está aqui por acaso, nem eu, e sei que nos reencontramos nessa vida para reparamos erro , aparar aresta, evoluir, superar,e muitas vezes graças a Deus estar entre pesooas ligadas a nós por verdadeiros laços de amor.

Existem momentos em que como um pequeno rio ,correndo em direção ao mar encontramos obstáculos intransponíveis. Então é o momento de parar. De nada vai adiantar, esvair-se correndo o risco de perder-se... É momento então de parar , aceitar o obstáculo, tomar consciência dele e da sua dimensão... represar... guardar energia, ganhar força, prparar-se e então atingí-lo, e escorrer sobr ele... Calmamente,porém com a força de quem sabe pra onde esta indo, onde quer chegar, e principalmente chegar com a integridade física e mental preservadas.

Convide alguém que você goste para tomar um chá, então na hora marcada prepare a bebida, receba seu convidado,com um abraço leve e demorado, convide-o para sentar, olhe em seus olhos e esteja presente.
Sirva-lhe o chá e sorria com a himildade de quem está recebendo um milagre .
Segure a sua xícara, com as duas mãos, sinta o perfume do chá, sinta na palma de suas mãos o calor da xícara, preste atenção ao sabor... e esteja presente... Saboreie, sem pressa.
Deixe que os pensamentos passem sem se prender a nenhum deles... então depois dessa experiência com o chá você vai entender como curar suas próprias dores , encontrará o lugar em que todas as respostas estarão a sua espera, encontrará seu espírito singelo, livre, vivo, milenar, cheio de sabedoria e caminhos novos, sem dúvidas, sem cobranças.
Agradeça a companhia e diga palavras doces com calma, aproveite pra dizer tudo o que aquela pessoa lhe representa ,e a abençõe.
Seja grato , sinta-se grato à companhia e a você por terem estado ali, por se permitirem...
Compartilhe o chá, a bondade divina, a perfeição da criatura que você é.

Saroj**

Dores

DOR NAS COSTAS OU NA ALMA...


Sou farmacêutica e tenho certeza que escolhi essa profissão muito mais para me curar do que para curar outras pessoas. É sempre assim escolhemos nossas profissões pré acordados com Deus , que por certo, em seu programa nos confia a recuperação e o aprendizado pra os que passarem por nós ,como a nós mesmos. Pois bem, diariamente sou colocada diante de pessoas"doentes", como sou convicta que pessoas ficam doentes, estão doentes ,não são doentes , procuro sempre que encontro abertura orientar neste sentido, criar uma atmosfera saudável e limpa para então , com o uso do medicamento, o físico já afetado, curar-se a seu tempo. A questão é que diante de problemas que eu vou chamar de limitantes ,na grande maioria das vezes não é da farmácia que virá a cura e sim do conhecimento, da tomada de consciência. Ninguém está realmente doente, o que penso acontecer é que nos desagradamos uma vez, seguida de outras e depois mais uma ... como não temos o hábito deixar passar, vamos acumulando experiências dolorosas, criando lembranças dolorosas que guardadas em nossas mentes em nossa alma, acumulando... acumulando , acabarão em determinado momento por preencher todo o espaço reservado às experiencias ruins que temos dentro de nós ou em nossa alma, então, é preciso drenar, é preciso que uma descarga ocorra para que a integridade emocional daquele indivíduo se mantenha ,porque ele está preenchido ,não há mais espaço para nem sequer uma contrariedade, aliás quando ficamos muito cheios... de preocupações , de pensamentos, cheios da vida, não haverá mesmo espaço pra mais nada nem pra saúde, nem pra felicidade, nem pra o amor. Por isso a natureza se encarrega de esvaziar, de drenar de fazer que o espaço aconteça de novo pra sua própria salvação.É dificil, mas se conseguirmos viver uma experiência arrasadora, tomar consciência do que é real, dar o valor que aquela experiência realmente teve, não dramatizar, por certo o peso, a dor será menor e o tempo alivia dores, se encarrega do esclarecimento quando vivemos pensando no hoje e não no passado . Por exemplo pessoas dizem aqui no meu balcão que estão com dor nas costas e que estão travados, paralizados de dor.Não vamos pensar em Ida e Pingala,em Shushumna , ou nos tratados chineses que falam de Meridianos,Kundaline, emboras quem tem problemas de coluna devessem ter conhecimento de energia e de serpente para liberar o carma.(libertar-se da terra para chegar ao céu), vamos a prática .
É preciso não perder o equilíbrio,o que é duro e forte pertence ao masculino enquanto a suave capacidade de adaptação do elemento aquoso , que é dominante nos discos é feminimo, enquanto o osso é a solidez e dá estabilidade,a parte aquoso gelatinosa, garante elasticidade e capacidade de adaptação, necessárias.
Somente um homem direito é aceitável, instintivamente recusamos a falta de retidão de postura nos dois sentidos.
É preciso suportar cargas,sobrecargas,os encargos e fardos inconsciêntes deprimem as pessoas e tonam as coisas difíceis para os modernos discos vertebrais.
O aspécto de robô pode chamar ao questinamento de ser inflexível, rígido e pouco vivo, ter razão, muitas das vezes para sí mesmos.
O repouso, carregados em demasia agora sentem dores e são forçados a ele por seu sintoma,dói mover-se dentro de suas próprias vidas. Assim em repouso têm sua terapia, que é meditar com calma porque e para que sobrecarregaram ou deixaram ser sobrecarregados.
Suportar a si mesmos em repouso ,abandonar as cargas supérfluas e descansar.
Mas o oposto também é verdadeiro, os que não conseguem repousar e caminham sem parar chegando a ter o sono perturbado devem atentar para o permanecer acordado ou despertar.
Deixar de tranquilamente descansar e agir, sinceramente , responsavelmente e imediatamente.
Será que meus clientes suportam inconscientemente cargas que não aguentariam consciêntemente?
Que fardos carregam para ter o seu reconhecimento?
Será que precisam de repouso ou movimento?
No livro A doença como linguagem da alma, tive oportunidade de ler e refletir o que está escrito aqui hoje, e penso que o caminho é decubrir a melhor maneira de soltar-se, de aliviar-se, procurar meios de ser um organismo leve, maleável, que se dobra com o vento sem quebrar, sem doer.
Confesso que minha coluna melhorou muito...

Saroj**

Sete de Setembro

... dia de desfilar!! Que saudade...

No dia sete de setembro deste ano, acordei com o barulho da Mary na cozinha. Pela primeira vez na vida minha filha acordou por própria conta as 6:40 da manhã,e logo já estava de de banho tomado,cabelos alisados,uniforme completo, ela sorriu quando me ouviu perguntar: "O que está acontecendo?" _ É sete de setembro,mãe, a professora quer todos os alunos bem agasalhados, mas, de uniforme, às 8 :30 na frente da loja da tia Mara, para encontrar com a fanfarra e desfilarmos pela Sete até a prefeitura...e já estou comendo... "Mesmo com esse vento Mary?_mesmo... Bem, como já estávamos mesmo acordadas, no feriado, resolví passar o café, enquanto o Chamber acordava também com a nossa conversa. O cheiro do café da manhã fez a casa ficar mais aconchegante e quente. Sentamos a mesa, Chamber , eu e Mary que já estava terminando quando resolvi reforçar com um copo de nescau . Tocou a campainha era a Bruninha que congelada e descabelada pelo vento chegou seguida da Anamery-" Vamos Mary !! Tá cheio de gente na rua!!! "

Vão com Deus vejo vcs mais tarde... vou fotografar tudo!! rsrs

Logo estavamos todos Lá na Sete ouvindo a Fanfarra ou Banda do prof Rondon... Uma gracinha nunca em Inácio Martins teve um desfile tão bonito! O prf Rondon é um daqueles talentos raros , dedicado, disciplinador, faz bonito onde se apresenta e nós ficamos emocionados em ver o desfile,com a nossa menina ,marchando, com os cabelos no vento, sorrindo tímida pra câmera...

Ondina

Minha querida amiga

Desde que cheguei aqui em Inácio Martins conheci muitas pessoas especiais e entre elas algumas que eu considero amigas. A minha querida Ondina é uma dessas pessoas "amiga especial". Já eramos amigas a bastante tempo até que um dia falamos de poesia... então ela me mostrou seus poemas lindos, e com seu jeitinho carinhoso me fez ficar à vontade pra mostrar lher tambem os meus... Quando li todas aquelas palavras eu não tive a menor dúvida que era preciso tomar providência pra editar um livrinho. Falamos no assunto durante muito tempo e decidimos finalmente editar. Tão simples mas tão significativo... Demos o nome de Laço de Amizade ,e numa noite mágica entre nossos amigos fizemos o lançamento , tão singelo quanto nossos corações. Ondina é professora, conhecida de todos aqui na cidade.É catequista, é autora do hino de Inácio Martins, tem um jardim bem lindo com rosas amarelas minhas preferidas , e orquídeas lindas, sempre recebo aqui na farmácia pequeninos buquês, e sempre que tem em seu jardim , uma rosa amarela... é minha ... ! Um dia ela chegou arrasada aqui na farmácia porque ao ler a letra do hino para uma turma do colégio ,um dos alunos disse que aquela coisa tão bonita não poderia ter sido escrita por ela... infeliz comentario ,deixou minha amiga muito triste... É mesmo difícil para algumas pessoas entender e aceitar que bem ali ao seu lado , estava o tempo todo uma pessoa com capacidade criativa tão grande. E acho mesmo que no fundo ele queria dizer que ela é incrivel ,e que ele não acreditava estar lendo uma maravilha como é a letra do hino de Inacio Martins... Mas o fato é que ela estava triste, e eu, me senti na obrigação de melhorar o dia da minha querida Ondina... Liguei para o Kety, marido adorado da minha querida Ondina, pedi que se ele pudesse me trouxesse uma fotografia da sua amada pra eu desenhar em carvão, ele truxe quase imediatamente e não foi difícil pra ele porque tinha na carteira uma boa foto. Sentei aqui nos fundos da farmácia e desenhei seu rosto ,suave, com sua mecha de cabelos brancos que lhe dá um certo charme , seus olhos brilhantes... Ao lado do desenho de carvão, escrevi então... com todo meu coração:

***

ROSAS AMARELAS

Conheci alguém especial

Com alma simples reencarnada

De bondade serena sem igual

Doce nobre... desarmada

*

Conhecí aqui uma cidadã

Que tem a voz embargada

Esperança no amanhã

Com consciência da jornada

*

Os olhos mareados, iluminados

Molhados de um certo mar

Que em seus passeios enebriada

Acredita vislumbrar

*

Senhora de poesias tão belas

Coração frágil descompassado

Renasces nas rosas... Amarelas

Teu valor será sempre lembrado

*

Cozinhas entre livros e poemas

Lê entre uma e outra fritura

Juntando os versos às gemas

Cria saborosas misturas

*

Num planalto onde a brisa te beija

O sol nasce com doçura

Para atender seu pedido que seja

Aquecida qualquer criatura

*

Não te preocupes em nenhum momento

Com os olhos que não são para ti

Pois sempre traz muitos lamentos

Prender-se às coisas daqui

*

Tua missão é especial nesta vida

E a espiritualidade te aplaude nos jardins

Deus te proteja querida...

Ondina de Inácio Martins

*

Logo que terminei minha "obra" corri até a loja pedi para moldurar aquele desenho e com o coração aos pulos , fui até a casa da minha amiga,uma quadra aqui da farmácia, bati palmas no portão. Ganhei um abraço apertado... Ondina ficou feliz de novo!!

Um cliente

UM CLIENTE CARVOEIRO



Estavamos eu e o meu insepáravel companheiro Chamber na farmácia, já pra fechar, numa daquelas noites frias em que a neblina insiste em entrar porta a dentro deixando tudo úmido, fazendo o espelho embaçar, quado entrou junto com a neblina um homem de mais ou menos 4o anos com o olhar tão frio e distante como a cidade em que moramos.
O que me chamou a atençao foi a sujeira do pobre homem que passara com certeza o dia todo trabalhando nos fornos de carvão, mal dava pra ver-lhe as feições.
Porém quando nos cumprimentou com a receita na mão sorriu, com dentes branquinhos , destoando de todo aquele caus.
Estava lendo a receita quando ví atrás dele abraçada em um pacote de panos que logo percebemos se tratava da paciete recém nascida que sofria ,acometida de uma virose. A esposa, de cabelos longos por certo naquela noite usava somente um moletom.
Minutos antes da entrada dessas tres criaturas eu e o Chamber estavamos anciosos pra ir pra nossa casa , acender o fogão de lenha sentar ao lado e com café quente e pinhão conversarmos sobre a vida e sobre as coisas de casal que não consegimos conversar durante o dia mesmo passando tanto tempo juntos.
Deve ser assim mesmo com todo mundo que se ama ,o assunto não acaba , os sonhos são compartilhados e enquanto a mary vai crescendo em volta da gente , vamos crescendo tambem, no respeito um pelo outro ,em volta do fogão com conversas intermináveis e muito carinho.
Mas confesso, que naquela noite depois que aquele casal saiu, ficamos parados olhando um para o outro sem saber o que dizer.
Eles posariam num abrigo, improvisado, chamam de albergue. No dia seguinte voltariam como pudessem pra um dos assentamentos e o trabalho duro por certo esperava pelos dois , e aquela criança ,Deus por certo cuidaria, e nós rezamos naquela noite para que Ele cuidasse.
Antes de fecharmos a farmácia eu sentei e escrevi esse poema...
* *
Mais do que sujo
Aquele homem estava cansado
Queimara durante todo o dia
Os desenganos do seu passado

* *

Mais do que cansado
A alma daquele homem chorava
Atristeza do filho doente
A dor da mãe que o embalava

* *

A leitura lhe fazia falta
Mal entendera o doutor
Difença pouca faria
Quem cura mesmo é o Senhor.

* *

Chamei esse poema simplesmente de UM CLIENTE CARVOEIRO.

Nunca mais esquecemos aquele sorriso...

Saro**

Mãe

APARECIDA

*
*

Nada eu temia

Uma guerreira me guardava

Eparece que ela sabia

A segurança que me dava

*

Era dela que eu me lembrava

E procurava rapidinho

Enquanto me espreguiçava

Acordando bem cedinho

*

Aí eu enchergava ela...

Minha mãe, minha luz

A mais bela tela

Que a minha lembrsança produz

*

Ali, ao seu lado, protegida

Eu crescia tão feliz e segura

Tive exemplo de vida

De fé, humildade e postura

*

Cresci muito e ela estava lá

Estudei muito e ela estava lá

Com lágrimas eu parti

E ela... ficava lá

*

Orações para afogar lamentos

A história sendo revista

Lágrimas nos maus momentos

Entusiasmo nas novas conquistas

*

Trago então em meus braços

Minha filha, a dieta

Refazia-se o passado

Carregava agora sua neta

*

Não há nenhuma mais amada

Teus fios brancos ,teus sinais

Cada pedra da tua estrada

É o alicerce para os demais

*

Ainda hoje ao acordar cedinho

Me lembro do teu rosto sorrindo

Como se ali estivesse juntinho

Dizendo acorda, levanta, vamos indo...

*
*

Saroj**

Meu amor

CHAMBERLAIN

Tens um amor invejável
Sentimento de poucos
Tão puro que toca a alma
Amor que compadesce, enternece, emociona

Tens um amor bem disposto
Tão nobre que eleva a minha alma
Privilégio ser tua escolhida
Tua menina... tua querida


És generoso, agradável
Quando sorri se ilumina
Mas, se chora comove, se despe
Lágrimas por poemas de amor

Mas, basta eu ser tua e te consolas
Porque és verdadeiro
Limpo, livre
Me arrebata por inteiro

Me distancia da realidade
E quase com crueldade me toma
As pressas, sem descupas
Sem culpas

Amor que restabelece
Artimanha da redenção
Bastando que eu seja tua
Para que cumpras tua missão

*

Saroj**


Esse poema eu fiz para o Chamber meu querido amigo, meu companheiro de 15 anos, meu amor maior,meu suporte, meu incentivador, meu companheiro de trabalho, enfim meu escolhido... Pra sempre.

Vô Crotti

TOCANDO PARA DEUS

*
Lá viviam simplesmente
Italianos lavorando com fé
Valorizando um grão... a semente
Cresciam entre os pés de café
Sob os olhos atentos
De um pai experiente
Que confortava desalentos
Homem com alma inocente
E se fizeram sob seus cuidados
Filhos, genros, noras, netos
Cada um o mais amado
A companheira o maior afeto
Então és vitimado
Prepara-nos para vivermos a dor
E num suspiro calado
Nos despedimos do senhor
Sem modéstia, foste o melhor
Gaiteiro, dançador...
Suas netas Damas em Flor
Seus filhos seu puro amor
O céu agora tem o que festejar
Com valsa em reunião feliz
Dizem que Deus pôs-se a cantar
Com o avô que ele sempre quis!
***
Esse poema escrevi no carro enquanto voltavamos de Cambira num dos dias mais tristes que vivemos em nossa família de italianos sempre tão alegres...
Eu vinha pensando no Vô Chiquinho e contando pro Chamber que dirigia , já quase de madrugada, como nossos natais eram alegres e quanto meu querido vô era amado por tds os filhos e netos. Enfim , nesta vida não seria mais possível vê-lo e um desejo imenso de escrever o que eu estava sentido fez-me procurar na bagunça do porta-luvas um papel e uma caneta, e, num guardanapo do mec Donald's, com uma letra ruim e tremida, alongada pelas curvas escrevi, em uma metade do guardanapo branquinho, e na outra metade eu chorei.

Dia especial

A FORMATURA


Aqui estou eu escrevendo numa folha do caderno de receitas, por não ter nenhum caderno ou papel mais apropriado.
Os anos foram passando e a vida escolar ficou tão distante...
As ocupações do dia-dia, a nova vida profissional, o grande desafio de ser esposa só não maior do que o de ser mãe, foram fazendo com que os papéis e as canetas hora espalhados por tada parte fossem sumindo dos olhos.
Quantas coisas vão ficando no passado, e juro sem saudosismo, me arrependo de algumas dessas coisas que não trouxe para o agora.
Sou famacêutica desde 1993 e quando escrevo isso, leio para ver se me convenso que sou mesmo eu.
Várias vezes durante as aulas na faculdade quando era feita a chamada da classe, eu ficava aflita, pensando que não chamariam meu nome, que tudo havia sido um engano e que eu não poderia mesmo ter conseguido estar entre os 40 colegas com histórias tão diferentes da minha.
Eu não fui criada para chegar tão longe...
Meninas fazem magistério, namoram ficam nivas com bolo, casam, não se entregam a vida, não vivem longe da família, não namoram dentro do carro no portão e principalmente não podem jamais perder o juízo por um amor tão grande que ameace sua memória já tão programada e reprogramada durante anos para não esquecer oque é ser moça de família.
Eu precisava ousar, precisava experimentar a erupção.
Aquárianos são tão livres, eu não podia fugir à regra.
Porque minha mãe tão consenciosa não me programou também para nascer em setembro ou novembro, quem sabe a influência dos astros me fizessem mais obediente ainda.
A verdade é que em 93 eu estava enfeitada, com uma roupa preta , um chapéu preto em baixo do braço e uma faixa amarelo ouro amarrada na cintura, com o coração na garganta, na fila junto com a minha turma para receber meu diploma de farmacêutica, e no momento em que eu o senti nas minhas mãos eu corri os olhos para a arquibancada, procurando minha mãe... Como se ainda ali existisse a dúvida e eu quisesse que a mãe balançasse a cabeça dizendo que eu podia pegar, que era meu mesmo, exatamente como ela fazia quando a vó Augusta aferecia seus doces de compotas e rapidamente eu a procurava para saber se podia ou não aceitar, se aquela era a hora de experimentar o que parecia ser muito bom.
E assim durmi numa noite de dezembro olhando para aquele canudo ao lado de uma linda rosa vermelha, meu passaporte para uma viajem sem volta, para entrar no mundo da dor e da saúde, da recompensa e do amor, da terapia de balcão, onde paciente e doutor revezam o lugar, onde se aprende o que na faculdade não estava no currículo,não deu tempo de ensinar.
Era a hora, e a mãe, eu não pude ver na multidão, mas, acho que ela balançou a cabeça para mim ...e eu aceitei.

Signo

AQUARIANA

Passei um pouco mais de brilho nos lábios naquela manhã, e senti meus cabelos

mollhados faserem cóssegas em minhas costas enquanto eu abotoava as fivelas

dos sapatos novos, tudo seria novo.

Escolhi aquela manhã de janeiro para recomeçar, e depois de uma última olhada

para o espelho,certificando que tudo delicadamente combinava, peguei minha bolsa,

meu celular, um xale de crochê bordado nas pontas com pedrinhas pequenas.

Para ter certeza que estava mesmo pronta parei dois passos antes da porta,

fechei os olhos e expirei, deixando todo o ar dos meus pulmões e barriga sair, deixei

todo o ar velho e cansado, por alguns segundos fiquei sem ar nenhum, totalmente vazia,

apenas esperei, esperei sentir vontade de respirar de novo e então quando a vontade

veio inspirei lentamente, trazendo minha alma nova para aquele momento tão especial

do meu primeiro mês. Peguei a chave, abri a porta e saí, tomei cuidado de certificar

que fechei denovo por duas vezes. Não havia ninguém para me despedir nenhum móvel

para carregar, nenhum CD para devolver nenhum casaco para levar afinal, era Janeiro

e o calor era bastante forte, sempre é.

Enquanto eu tomava consciência do novo mundo que eu havia entrado, depois daquela

profunda respiração, senti vontade de chorar, e chorei, embora totalmente consciente dos momentos grandiosos que se apresentariam, certamente, daquela hora para as outras.

Aquarianos deveriam nascer no Outono e não no Verão, as folhas caindo dos galhos e voando no vento me parecem mais livres do que as escaldadas pelo sol, oferecendo sombra e refrigeração...

Enfim eu estava belíssima naquela manhã, havia um brilho em meus olhos que permaneceram por dias depois que eu sequei as lágrimas com um lenço fino, que trouxe em minha bolsa.

Trouxe todo o necessário naquela bolsa, ou o que eu pensei ser suficiente.

Com o tempo passando, e foi logo que o tempo passou, eu percebi que era preciso mais bagagem,mais do que eu sabia existir e poder colocar em minha bolsa, talvez eu soubesse e tinha esquecido.O que importa é que as necessidades vêm para fazer gatinhos transformar-se em tigres, porque hora ou outra todos se transformam...

Tigres são mais bem sucedidos que que gatos. Embora eu tivesse feito a opção de não ser nem um nem outro,precisava ser bem sucedida, optei pelo tigre, não suportaria ganhar uma almofada bem fofa e um cesto com original novelo de lã.

Era necessario permanecer viva e então me entreguei de corpo e alma às coisas comuns.

Tempestade

O GRITO

Quando seu grito ecoou
Minha alma estremecida se encolheu
Meus fantasmas se apresentaram
E dançaram em volta de mim

Perturbada e pequena
Fiquei cega e suspensa
Quando voltei a pensar
Achei que além do ar
Faltava me também o chão

Quando seu grito ecoou
Uma tempestade de vento
De imediato se formou
Num momento sem aviso
Levou o vento meu sorriso
Nocalteada me permiti chorar.

* Saroj**

mal Humor

DESPERTAR


Todo dia parecia tudo igual,
eu me acordava em meu mais profundo mal humor,
e pro fundo do poço, eu me levantava.
Sem falar naquele galo
que antes de amanhecer
só pra me irritar, cantava... sonoro
por que as pessoas insistem em diálogos matinais?
Por acaso "bom dia" não serve para o dia inteiro?
Tem que ser dito antes que aquele gosto saia da boca?

Começa o dia, eu procuro aquela pantufa
um número maior, que nunca está onde eu deixei!
E me arrasto sobre as barras do pijama
todos os quilómetros que separam o quarto do banheiro frio,
o piso é frio
para mim a coisa mais insensível do mundo é o banheiro...
Lugar sem amor,
no meu até coloco flor
pra ver se melhora o astral!
Mas...lá estou eu, arrasada,atropelada e bafenta
de frente para o espelho
rodeada de azulejos com cara de jazigo.
E a minha cara... sempre a mesma ao acordar
aquela de quem acabou de chupar limão na ventania.
O café um só dia, podia estar no ponto.
E o milagre do pão podia acontecer comigo
que nunca pego a padaria aberta após o serviço.
Enfim, tudo vai melhorando
à medida que o tempo vai passando, o dia vai me deixando legal.
E chego mesmo ao ápice do meu bom humor na hora de me deitar...
Ah! Que momento sublime
a cama.
O cheiro do cobertor, o fofinho do meu travesseiro,
tão fiel, tão ímpar.
Rolar pra lá e pra cá
Até por fim aquele maldito galo cantar!

*

Saroj**

Eu

MARCIA MARIA


Sem vergonha as Marias
Se abrem em flor
Para que você as transforme em poemas
E balançam coloridas
Exibidas, descabeladas ao vento
E o tempo dedicado às Marias
Fazem delas seres especiais
Teus pequenos olhos claros
Percebem a realidade multicor
Num mundo cinza-rotina
Meio amarrotado...
Em que se expia, prova, e é educado
Sinto que vc vê pelo fresto
Entre uma e outra linha
Uma e outra atitude ou mudança
Vendo possibilidades e progressos
Pela tua janela...

Um olhar verde -azul
Que transforma as pessoas em felizes
E ao ver beleza em sua própria natureza
Transforma tudo à sua volta
Tua fragilidade não esconde a tua grandeza
E por isso com delicadeza
Ando a falar de ti
Grata por tua presença em minha vida
Pelo incentivo
Pelo exemplo
Por cada valioso momento
Eu balanço no vento
Sem vergonha
Como as Marias...
Certa do teu olhar.

Esse poema é para uma amiga muito querida chamada Alcita que a bondade de Deus colocou por um breve momento em minha vida. Ela é apaixonada pela vida e pela natureza e um de seus maravilhosos poemas é pra essa florzinha que uma grande maioria acha sem graça e que para ela é uma flor maravilhosa... a Maria sem vergonha.

Mary

PARA FILHA
Se não bastasse a beleza
Ainda viestes dengosa
Contrarias minha natureza
Quando derramas uma lágrima chorosa...

Se não bastasse a voz suave
Ainda sorris
Amelodia do teu riso grave
É cascata fresca em minha alma aniz

Se não bastasse a meninisse
Vais crescer...
E entre a obediência e a peraltice
Sopra-me a vida, pra eu viver

Se não bastasse ser luz
Há voce de ser farol
E em nosso reencontro propuz
Ser a ponte, ser o seu sol

Não bastasse vir ao meu encontro
Nem tampouco cruzar minha trilha
Tinhas que me querer como mãe
Tinhas que ser minha filha.

* Saroj*
Fiz esse poema pra minha filha Mariana que desde 1994 vem transformando a minha vida ... mistura de aprender e ensinar.

O Começo

Ponho-me a pensar repetidas vezes a quantas luas estou até encontrar minha felicidade...
Pergunto-me quais serão os novos temas que me farão desabafar em rimas sinceras e simples o que esta derramando em meu coração...
Arrastada pela força de uma corrente que me leva rápida e destemida pra naum sei onde, fazendo-me raspar a pele dolorosamente, esbarrar , cambalear, cair e levantar durante um fantástico percuso , que faço hora dormindo hora acordada, hora insana, hora na mais inebriante lucidez...
Penso quantas metades ainda vou juntar...
Penso quantas metades pra terminar...
Penso quantos meios vou descobrir...
Penso meios... algum meio...

*

Saroj**