Eu sou

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Inácio Martins, Paraná, Brazil
Ma Anand Saroj

28 junho 2007

Motivo

*Eu tenho uma cliente muito bem humorada que em certa ocasião teve infelizmente que tomar injeção, bem tomados todos os cuidados e feita a medicação , ela, a minha cliente começou a passar mal, teve vertigem e sem perder a pose nem se apavorar recostou-se numa cadeira, enquanto eu apavorada pus-me a abanar e preocupar-me com seu bem estar, chamei pelo marido da minha cliente que ao meu lado com a maior preocupação juntou-se a mim no ato de "abanar"....
Eis que mal podendo respirar a minha cliente muito bem humorada olha para mim, olha para o marido e com um estalinho de dedos diz com uma carinha muito levada:
_As uvas por favor!!
Esta minha cliente é também minha vizinha, daquelas vizinhas que você pede um ovo emprestado e ganha uma caixa inteira de ovos....Ela sabe o valor das coisas...
Esta minha ... cliente , vizinha, é mãe no sentido mesmo da palavra e ainda se dispõe a ser " mãe" de outro ,que pra ela é igualzinho, mas que outra mulher ,rejeitou....
A minha cliente...vizinha...mãe, é principalmente, e pra minha felicidade minha amiga, querida, que sabe me olhar e sabe me ver ,bem do meu jeitinho, e ainda me diz que gosta do que vê...
Ah! claro essa minha amiga tem um nome sim... e o significado do nome dela é:
**a que luta para atingir os seus objetivos .e seu objetivo é "Felicidade plena familiar"
Eu gosto muito de poesias e ela também e hoje ela me disse que a predileta dela é Motivo de Cecília Meireles, que eu admiro muito também, então aqui esta o poema, uma foto que por certo agradara muito minha amiga...mãe... vizinha.... cliente....etc...



Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

.

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou se desfaço,

- Não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

Sei que canto.

E a canção é tudo.

Tem sangue eterno e asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

- mais nada.

Cecília Meireles

minha flor

Sagrada
minha filha
minha escolhida
minha Lótus
consagrada
te recolhas na dor
nas profundezas
de tua alma
retire teu sustento
e ao retornar
luz
ajuda-me filha minha
a zelar por teus irmãos
cedendo
amando
se resignado
estando por mim
onde eu desejar estar.
*
Saroj**

27 junho 2007

Queixa


Quando perdi teus olhos
Perdi neles meu olhar
No vazio
Fixei-me num único ponto
O nada
O pranto foi se instalando
e a minha dor foi tanta
Que por mim a terra parou...
de girar
de pensar
de existir
Enquanto as minhas madeixas longas
ficaram brancas
de queixas
Me perdi no tempo
sem ter olhos que vissem
Que parados no nada
se negaram a enxergar
Fiquei em lugar algum
inerte com o silêncio
por companhia...
***
Saroj*

Pedido


Diante do altar
Sob os olhos do Cristo na Cruz
Levantei meu tímido olhar molhado
Sublimado
Simplismente apaixonado
Para implorar por perdão
Absolvição
Tão somente compaixão
Por ter aprendido a amar
Amor inoportuno...
Amar com resignação...
Ao lado de sentida prece
Ofereci meu coração
Para absolvição
Desejei q Deus me entendesse
Se enternecesse
Se compadecesse de mim.
Se o cálice da infelicidade
De mim Ele afastasse
Grata seria pra sempre
Um minuto de presente
Pela própria eternidade
***
Saroj*

26 junho 2007

Transpor

No ventre da terra

Fecunda a semente

rasgando-lhe

para expor-se ao sol

crescendo

busca alcançar o céu

*

O tempo lhe fere

assim é o processo

a reposição

a terra

o sol

a vida

a renovação

alcançando realmente o céu...

*

Saroj**

25 junho 2007

Tenho tanto sentimento


Tenho tanto sentimento
*
*

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
*
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
*
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.
*
(Fernando Pessoa)

24 junho 2007

Permita-me

.

Permita-me um minuto
sem interromper-me ou interrogar-me
dizer-te a minha verdade
por mais que não possas me ouvir.
Experimenta o meu coração de menina.
Brinca comigo .
Me toma em teus braços e
rodopia . . .
Enquanto girarmos, sorria,
olhando pra mim e
me desejando.
E se um dia
não mais me quiseres
permito que se farte
em outras mulheres
se prometeres dormir ao meu lado,
depois de banhado,
perfumado de cio
e jovialidade .
Quando em mim
não encontrar mais um só prazer,
Me toma ainda assim em teus braços
e antes que possas dizer,
que sem ti eu devo viver
Em teu colo como criança
inebriada de esperança
uma prece silenciosa
por nos dois ainda farei.
.
.
saroj

23 junho 2007

renascida



Renascida
*
Recolhi-me durante anos
até que em fim e por fim
apareceste
trazendo-me calor
possibilidade de recomeçar o ciclo interrompido
banhada por tuas lágrimas
aquecida por seu sorriso
meu deserto habitado
pela magica força da natureza
força da vida
força da paixão
atravessando o peito
rasgando a carne
abrindo o espaço
provando a força da lei divina do amor
Saroj **

Coragem

*
*
Estive pensando, passeando em minha mente, que de tão cheia parece-me por muitas vezes vazia, que de tão sábia não sabe mais o que é simpatia . . .
Dormente e serena, infelismente desarquivou em vão tua figura, enquanto eu procurava em mim outros ares, quando ensaiava um ato de bravura, de não mais encontrar por aqui, você ,sequer por acaso...
No meu assombro diante de ti esbocei um sorriso,
não deixei-me repirar,
não quis que me ocupasse,
não percebi que já em disparada meu coração me traia
sobressaltando-me,
agitada diante de uma lembrança que sequer tem semelhança com o que me é permitido sentir.
Rogando piedade ao trair-me felicitava-me com a tua presença
Pedindo que a luz clareasse e dissolvesse minhas sombras mergulhava, inconsequente no prazer de uma companhia momentanea
Implorei que a minha alma deixasse-me sair e de súbito meu desvaneio trouxe-me ao meu cárcere, confortável, para que eu estivesse novamente em mim.
Enquanto enamorada e livre percebi que o que se vive difere do que se sonha tão somente pela coragem que se tem de se entregar ou não ao amor.


Saroj *