
Lembro me muito bem. Por volta dos seis anos de idade tive um momento de intensa dor e mal estar ao pensar que a carne que comíamos exigia o sacrifício dos animais. E a resposta enfática dos adultos: Não, a gente não podia viver sem comer carne; Iria enfraquecer e morrer. Foi um triste momento o de ter que soterrar minha dor e compaixão naquela sentença irremovível.
Recordo a acomodação forçada que me obriguei a fazer, tentando esquecer a dor e o peso da consciência, mas me sentindo muito mal.
Relato isso com um objetivo: Testemunhar este movimento que ocorre no interior da consciência das criaturas, quando tem que conciliar sua sensibilidade e compaixão pelos animais com o hábito do carnivorismo.
Tentar esquecer o que se passa na realidade é a única forma de calar a dor da consciência.
Mas se temos coragem de fazer, temos que ter coragem de olhar o que fazemos. O animal sente. Não apenas dor. Quando um boi porco ou ovelha marcha para a execução eles pressentem o que vai ocorrer.
Nós temos hoje a bênção da anestesia até para restaurar um dente ,os infelizes são marcados a sangue frio com ferro em brasa.
Para morrer, ao entrar no brete sinistro quando se rebelam, recebem choques elétricos nas partes sensíveis - são contemplados com um disparo de pistola de ar comprimido na testa que deixa o animal desacordado por alguns minutos. Depois é erguido por uma pata traseira e cortam sua garganta com um cutelo.
O animal tem que ser sangrado vivo, para que o sangue seja bombeado para fora do corpo, evitando a proliferação dos microorganismos, existem matadouros que sangram os animais ainda conscientes. O abate a marretadas está proibido no Brasil o que não quer dizer que não aconteça - já que quase 50% dos abates são clandestinos. O problema da marretada é que mão é fácil acertar o boi com o primeiro golpe. Muitas vezes, são necessários dezenas para desacordá-lo se é que isso acontece completamente. E quando são esfaqueados não sentem?
O abate do porco é parecido com a diferença de que o atordoamento é feito com um choque elétrico na cabeça e que o animal é jogado num tanque de agua fervendo após o sangramento para facilitar a retirada da pele, muitos porcos caem na água fervendo ainda vivos.
O desespero e a angústia impregnam na carne.
Ninguém associa a depressão, a síndrome do pânico do nosso tempo com nada disso?
Os humanos requintam na crueldade com os irmãos menores criam inocentes e indefesos animais para sacrificar sem piedade.
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