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Inácio Martins, Paraná, Brazil
Ma Anand Saroj

14 janeiro 2008

O Amor



E alguém disse:
Fala-nos do Amor:
- Quando o amor vos fizer sinal,
segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.
E quando vos falar, acreditai nele;
apesar de a sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins.
Porque assim como o vosso amor vos engrandece,
também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura e acaricia os ramos mais frágeis que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes sacudindo o seu apego à terra.
Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.
Então entrega-vos ao seu fogo,
para poderdes sero pão sagrado no festim de Deus.
Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes o coração da Vida.
Mas,
se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos,
e chorar,mas nunca todas as vossas lágrimas.
O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.
O amor não possui nem quer ser possuído.
Porque o amor basta ao amor.
E não penseis que podeis guiar o curso do amor;
porque o amor,
se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.
O amor não tem outro desejo senão consumar-se.
Mas se amarem e tiverem desejos,deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato correntea cantar a sua melodia à noite.
Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,e sangrar de bom grado e alegremente.
Acordar de manhã com o coração cheio e agradecer outro dia de amor.
Descansar ao meio dia e meditar no êxtase do amor.
Voltar a casa ao crepúsculo e adormecer tendo no coração uma prece pelo bem amado,e na boca, um canto de louvor.

Khalil Gibran

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